sábado, 17 de setembro de 2011

Os 60 Anos do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - CBPF

Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - CBPF 

Depois de uma conversa com o Prof. Odilon Tavares, e com a intenção de colaborar no registro da historia do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF, por ocasião da celebração de seu 60º aniversário,  redigi as memórias que tenho de como o CBPF fez parte de minha formação e de minha vida profissional.  É a história de minhas muitas passagens pelo CBPF, ao longo de minha carreira, embora nunca tenha pertencido, formalmente, à instituição.  Aí vai a história.

Entrei para o CBPF em 1949, no mesmo ano em que entrei para a Faculdade Nacional de Filosofia da U. do Brasil para estudar Física.  Naquela ocasião o CBPF estava localizado no 21º. andar do Edifício Serrador, na Rua Álvaro Alvim,  no Centro da cidade.  Por indicação do Prof. Armando Tavares, fui solicitar estágio em laboratório e fui aceito.  Comecei a trabalhar com o Prof. Lauro Xavier Nepomuceno montando e operando Câmaras de Wilson para o estudo de partículas atômicas. Além do curso de Física e das horas diárias no CBPF eu dava aulas práticas de Química no Colégio Mello e Souza e aulas particulares de Física e Matemática.

No CBPF estavam, além do Lauro X. Nepomuceno, os professores José Leite Lopes, Cesar Lattes, Jaime Tiomno  (que foram meus professores na Faculdade) e Oliveira Castro.  Éramos três estagiários: o Luiz Osório de Brito Aghina (mais tarde meu colega no Instituto de Engenharia Nuclear), Ricardo Pitcovitz (que pouco depois viajou para o exterior) e eu.  O ambiente era até divertido. Lembro-me que certa vez o Lattes substituiu o líquido que era vaporizado dentro da câmara que eu estava operando  por um  outro líquido (que mais tarde identifiquei como sendo Crush, um refrigerante à base de laranja).  Passei dias tentando fazer a câmara funcionar, sem sucesso.  Finalmente, o Lattes me contou o que havia feito e me disse que isto fazia parte do meu treinamento - descobrir as causas de defeitos no funcionamento e repará-los.  Foi a primeira de várias peças que o Lattes me pregou ao longo dos anos.

Mais tarde veio trabalhar no CBPF o Prof. Helmut Schwartz, especialista alemão em alto-vácuo e, por falar inglês,  fui indicado para trabalhar com ele na montagem de sistemas de alto-vácuo e seus respectivos equipamentos de medição.  Depois participei da fabricação de contadores de Geiger-Mueller.

Quando estava quase pronto o galpão cedido no terreno da Universidade do Brasil, na Rua Wenceslau Brás, 71, o Lauro, eu e quatro fuzileiros navais cedidos pelo Comandante Gabriel Fialho,  fizemos a transferência dos equipamentos do CBPF do Centro para a Praia Vermelha.  Foi uma aventura.  Um fato cômico, quase trágico, aconteceu numa tarde em que o Lauro e eu, no calor do verão, sem camisa, e vestindo jalecos imundos de graxa e  poeira, carregamos aparelhos de laboratório da Rua Álvaro Alvim até a AV. Beira Mar, onde estava estacionado o carro dele.  Tendo esquecido as chaves do carro no CBPF, o Lauro forçou a porta do carro e depois  deitou-se sob o painel para fazer uma ligação direta.  Neste momento, fomos abordados por dois policiais que queriam nos prender por tentativa de roubo.  Além do mais, não tínhamos nossos documentos de identidade nem do carro conosco.  Finalmente, depois de exaustivas explicações nos deixaram seguir.

Lembro-me ainda de ter, ainda na fase de conclusão das obras do galpão, ajudado na pavimentação da sala próxima à entrada do prédio. 

A memória seguinte que tenho daquele tempo no CBPF foi do incêndio que houve na biblioteca, que ficava no segundo andar.  Foi uma corrida insana para salvar os livros depois que os bombeiros haviam apagado o fogo.  Um jornal da época publicou artigo, com foto, mencionando o Lattes “sentado na escada retorcida pelo fogo”.  Tratava-se da escada circular que levava ao segundo andar.  Eu estava sentado ao  lado do Lattes, ambos molhados e imundos  de fuligem.  Naquela ocasião ganhei do Lattes o apelido de “Bersaglière” (soldado italiano que, ao marchar,  corre).  Eu não andava, corria pelos corredores.  Algum tempo depois, parte do CBPF foi transferida para Niterói, onde estava sendo instalado um Ciclotron.  Eu trabalhava para o Lattes na classificação de válvulas foto-multiplicadoras,  que iriam ser utilizadas em pesquisas de radiação cósmica em Chacaltaya, na Bolívia.  Me  lembro que um dia o Lattes me avisou para vagar minha mesa, pois precisava dela para um cientista que acabara de retornar ao Brasil.  Era o Hervásio G. de Carvalho, com quem viria a trabalhar anos mais tarde.

Foram anos de trabalho até o fim de  1954, quando terminei a Faculdade.  No fim daquele ano fui convidado por um colega que se formara antes de mim, o Sergio Porto, para  lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA /CTA, em São José dos Campos, Estado de São Paulo.  Lá chegando, fui entrevistado pelo Prof. Paulus Aulus Pompéia, Chefe do Departamento de Física, resultando ser aceito por ele.   Mais tarde, levado a almoçar no restaurante do Natalino (como era conhecido o restaurante do CTA), sentou-se a meu lado e começou a conversar comigo o Cel. Av. Eng. Aldo Weber Vieira da Rosa, Diretor do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento – IPD / CTA.   Dizendo saber (não sei como) que eu tinha experiência em trabalho de laboratório, me convidou a participar de um novo projeto que estava sendo iniciado no Laboratório de Metais Raros – PMR / IPD.  Foi bastante convincente e aceitei.  Voltei ao Departamento de Física para me desculpar com o Prof. Pompéia.

No PMR, como responsável pela área de metalurgia física,  participei do planejamento,  montagem e operação do primeiro laboratório para a produção de monocristais de Germânio de alta pureza para a fabricação de dispositivos semicondutores (diodos e transistores).  A Aeronáutica queria implantar no Brasil a recém-criada indústria de semicondutores. Lá  realizei os primeiros trabalhos de “purificação por zona” (obtenção de extrema pureza) e de crescimento de monocristais pelo método de Czochralski.   Foram produzidos os primeiros monocristais de Ge de alta pureza e desenvolvidos e  implantados os equipamentos de medida de resistividade (pureza) e de tempo de vida de portadores de minoria (perfeição cristalina).  Tudo isso poucos anos depois da invenção do transistor por Schockley, Brattain e Bardeen, nos Bell Laboratories, nos Estados Unidos.  Pouca informação era disponível na literatura científica. Todas as etapas de fabricação eram mantidas em segredo.

Em 1957, por indicação do colega Remolo Ciola e recomendação do Lauro Xavier Nepomuceno, naquela ocasião  professor de tecnologia de ultra-sons no Departamento de Eletrônica do ITA, recebi uma bolsa de estudos e pesquisa do Departamento de Estado dos Estados Unidos, no Departamento de Física da Universidade da Pensylvania, em Filadélfia, USA.  A bolsa não me permitia obter um título acadêmico, mas me dava liberdade para organizar meu plano de estudos e pesquisas.  Fiz vários cursos de Física do Estado Sólido e Teoria de Semicondutores e fiz trabalhos na área de medidas de propriedades elétricas e magnéticas de monocristais de semicondutores em temperaturas abaixo do ponto de ebulição do Hélio líquido.  À noite, fiz cursos de Propriedades de Transistores no Saint Joseph´s College, também em Filadélfia. Voltei ao Brasil em fins de 1958, não retornando ao CTA, ficando no Rio de Janeiro.

Recomecei minhas atividades dando um curso sobre Física do Estado Sólido e Semicondutores no antigo Instituto de Eletrotécnica, na Praça da República.  A partir deste curso fui convidado a lecionar Física Atômica, Física do Estado Sólido e orientar trabalhos de fim de curso no Instituto Militar de Engenharia – IME.  No IME acompanhei a instalação do Acelerador Cockroft-Wilson, que estava sendo montado pelos majores Duffles e Carilho, ambos também do CBPF.  No ano seguinte fui convidado, pelo Prof. Ferrúcio Fabriani, Catedrático de Metalurgia da Escola de Engenharia da Universidade do Brasil,  a criar a disciplina de Física de Metais no 5º. Ano do Curso de Engenheiros Metalúrgicos  da Escola, no Largo de São Francisco.  Nos intervalos freqüentava o CBPF.

Em 1960 fui contratado pelo Almirante Octacílio Cunha, Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, como Assessor da Presidência, e cedido ao CBPF para colaborar com o Jacques Danon na implantação da Divisão de Estado Sólido.  Comecei fabricando detectores de radiação (Ge/Au) e mais tarde dediquei-me a pesquisar as propriedades de superfície de ligas metálicas (troca isotópica entre metais e íons em soluções), utilizando traçadores radioativos.  Minhas amostras eram irradiadas no reator do Instituto de Energia Atômica, em São Paulo, de onde eu as trazia, tarde da noite, no último vôo do dia.  Do aeroporto ia direto ao laboratório no CBPF, antes que o decaimento prejudicasse as medidas.  Dividia um laboratório no primeiro andar com a Micheline Levy.  Acredito ter influenciado vários alunos de Física a trabalhar sobre metais e terras raras.  Tendo em vista as condições de dificuldades orçamentárias que imperavam na ocasião, lembro-me de ter que me valer de outros laboratórios para conseguir equipamentos e reagentes que precisava.  Assim, recorria ao Prof. Oliveira Castro e ao Prof. Fritz Feigl, no Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, e ao Prof. Zamith na Escola Nacional de Química.  Nunca tive um pedido recusado.

Não posso deixar de mencionar o convívio no CBPF com o Ugo Camerini (com muitas idas ao cinema), com o José Giambiagi, no Centro Latino Americano de Física - CLAF, e também com o Prof. Richard Feynman (que ainda não havia recebido o Prêmio Nobel), que me deu uma aula de estatística no bar da varanda do Hotel Debret, na Avenida Atlântica, num fim de tarde, depois de sair do CBPF.

Em 1962 fui contratado pelo Instituto de Engenharia Nuclear – IEN, para pesquisar na Divisão de Física Nuclear, chefiada pelo Herásio G. de Carvalho.  Como as instalações do IEN ainda não estavam prontas, os trabalhos eram realizados no CBPF.  Além da equipe de microscopistas, trabalhavam lá o Arthur Gerbasi da Silva, e dois recém-formados, o Rex Nazaré Alves e o Luiz Telmo Auler. Mais tarde juntou-se ao grupo a Solange de Barros. Meu trabalho consistiu no estudo da detecção de trajetórias de produtos de fissão natural de Urânio contido em laminas de mica de diversas origens. Mais tarde fui encarregado da preparação de alvos de emulsões fotográficas que foram utilizadas em estudos de fissão de U, Th e Bi por prótons de alta energia, e foto-fissão por brehmstrahlug.  As irradiações foram feitas no DESY na Alemanha, em Frascati, na Itália e em Brookhaven, nos Estados Unidos.

Mais tarde fomos, finalmente, transferidos para as novas instalações no IEN, na Ilha do Fundão, onde retomei a fabricação de detectores semicondutores (Ge/Au) de partículas alfa.  Cessaram então minhas atividades no CBPF.  Mas, num futuro não muito distante, voltei a ter contato com o pessoal do CBPF, mas em condições muito diferentes.  Para isso, tenho que continuar com minha história profissional.

Trabalhando no IEN, recebi em 1967 da Agencia Internacional de Energia Atômica – AIEA, uma “fellowship” para trabalhos de pesquisa no Lawrence Radiation Laboratory, em Berkeley, California, USA.  Lá chegando, depois de entendimentos com meu chefe de pesquisas e com o Diretor do Departamento  de Engenharia Nuclear do College of Engineering da U. da California (Berkeley), e com autorização da AIEA e da CNEN, consegui uma transferência para a Universidade, onde recebi o título de M.Sc. in Engineering  Science (Nuclear Engineering).

Retornando ao IEN em fins de 1968, fui incumbido de criar uma Divisão de Metalurgia Nuclear – DMN, que passei a chefiar.   Convidado pela COPPE/UFRJ lecionei cursos sobre Materiais para Reatores Nucleares de Potência, Física Nuclear e Teoria das Propriedades dos Sólidos.

Em 1972 o IEN saiu da esfera da CNEN e passou a pertencer à recém criada Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear – CBTN, encarregada de promover as atividades do monopólio estatal do combustível nuclear.  Logo em seguida, fui exonerado da chefia do DMN e passei a chefiar o Projeto Elemento Combustível – PEC no Rio de Janeiro.  Era encarregado do projeto e fabricação dos componentes estruturais do elemento combustível PWR de Angra-1, montagem do elemento combustível e pelo projeto conceitual da fabrica de elementos combustíveis PWR (que deu origem à fabrica hoje em operação em Itatiaia, RJ).

Meses depois fui removido do IEN, na Ilha do Fundão, para a sede da Diretoria de Planejamento e Coordenação – DPC, na Gávea, e encarregado de criar o Departamento de Combustíveis e Materiais Nucleares – DCMN, responsável por todas as etapas do ciclo do combustível nuclear (monopólio estatal), exceto a área de mineração.  Passando a chefiar o DCMN coordenei as atividades de pesquisa do combustível nos Institutos da CBTN: o Instituto de Engenharia Nuclear – IEN no Rio de Janeiro, o Instituto de Pesquisas Radioativas – IPR em Belo Horizonte e, por convênio, o Instituto de Energia Atômica – IEA em São Paulo.  As atividades eram relacionadas com as fases críticas do ciclo do combustível nuclear: o enriquecimento isotópico do urânio, a fabricação de elementos combustíveis, o reprocessamento do combustível irradiado e a disposição final dos rejeitos radioativos.

Nesta ocasião a Eletrobrás apresentou seu plano de implantação de usinas de geração elétrica até 1990 (conhecido como Plano 90) no qual propunha a aquisição de 8 usinas nucleares até aquela data.  Considerando que 8 usinas já constituíam um mercado considerável, a equipe da CBTN (todos civis – é importante que se diga) elaborou um Programa Nuclear de Referência, no qual propunha ao Governo, ao invés de adquirir no exterior as usinas, como havia sido feito no caso de Angra-1, adquirir a tecnologia de fabricação de usinas nucleares e do ciclo do combustível, bem como a tecnologia de implantação das diversas atividades industriais pertinentes.  Depois de meses de viagem a Brasília para convencimento dos diversos Ministérios intervenientes, foram aprovados o Plano 90 da Eletrobrás (ficando Furnas encarregada da operação das usinas) e o Programa Nuclear de Referência ( com as atividades industriais e de pesquisa subordinadas à CBTN).  Ficou assim criado o Programa Nuclear Brasileiro.

Iniciou-se, então, a procura de um parceiro competente e desejoso de fornecer TODA a tecnologia necessária.  Negociamos com os Estados Unidos e já tínhamos quase tudo acertado quando o Departamento de Comércio daquele país proibiu a transferência de tecnologias críticas (enriquecimento isotópico do urânio e reprocessamento do combustível irradiado).  Negociamos com o Reino Unido mas, finalmente, o reator por eles oferecido foi do tipo Steam Generating Heavy Water Reactor – SGHWR, que exigia tanto a tecnologia de enriquecimento de urânio como a de produção de água pesada.  Nem eles usavam este tipo de reator.  Negociamos com a França e a tecnologia de enriquecimento de urânio oferecida era a de difusão gasosa (muito cara e até então utilizada para a fabricação de armas nucleares).  No fim, as negociações com a França foram interrompidas por não satisfatórias.  Finalmente, conseguimos um acordo satisfatório com a Alemanha que, inclusive, ofereceu financiamento par as várias etapas industriais.  Participei das negociações com o Ministro da Ciência alemão, Dr. Schmidt-Kuester, sobre as atividades a serem contratadas na área do ciclo do combustível, que passaram a fazer parte do documento que passou a ser conhecido por Protocolo de Brasília.  Ao contrário do que se afirmava na comunidade científica na ocasião, a escolha da Alemanha não se deveu ao fato do então Presidente da República, General Ernesto Geisel, ser de origem alemã.

Negociados os contratos de transferência de tecnologia, teve início o chamado Acordo Nuclear, sendo a CBTN extinta e substituída pela Nuclebrás, como detentora do monopólio estatal. Tornado público o Acordo Nuclear, imediatamente começaram a surgir críticas da comunidade científica brasileira que apregoava o desejo de se ter um projeto autóctone de reatores nucleares, com toda a pesquisa necessária conduzida no País.  Sugeriam a alocação de verbas orçamentárias substanciais para as pesquisas para o desenvolvimento de protótipos nacionais de reatores e para as diversas etapas do ciclo do combustível, inclusive utilizando reatores alimentados a Tório (material fértil, não físsil).  Acontecia, no entanto, que esta proposta, além de não garantir um sucesso dos projetos, não traria os resultados em tempo hábil para envolver a indústria nacional e, ao mesmo tempo, satisfazer o cronograma aprovado no Plano  90.  Por outro lado, e com maior intensidade, havia oposição ao Programa Nuclear proposto por ser um projeto aprovado pelo Governo Militar da ocasião.

Por ser físico e ter contatos em praticamente todo o ambiente científico nacional, fui encarregado de fazer palestras descrevendo os termos do Programa  Nuclear e do Acordo Nuclear com a Alemanha em vários congressos, universidades e centros de pesquisas.  Quase sempre era hostilizado.  Numa ocasião fui representar a NUCLEBRÁS num simpósio internacional sobre energia, realizado no Guarujá, SP, sob a coordenação do Prof. Oscar Sala. Do lado de fora havia uma demonstração contra o Programa Nuclear. Depois de minha palestra, tarde da noite, à beira da piscina, com uma bebida na mão, ouvi de colegas esta frase, dita após tomarem conhecimento das atividades em execução: “se eu não fosse contra este Governo, bem que eu gostaria de estar participando”.

No CBPF, onde  vinha com freqüência, não consegui convencer meus colegas e meus antigos professores com quem falava sobre o Programa Nuclear em execução.  Acredito, até hoje, que era mais uma atitude política do que científica ou técnica.

Implantadas as várias atividades  do  Acordo Nuclear, que eu coordenava como Superintendente de Planejamento da Tecnologia da Nuclebrás, em 1979 foi desativada a Diretoria de Planejamento e Coordenação e eu aceitei o convite do Secretário Geral do Ministério das Minas e Energia – MME, para assessorá-lo, cargo que ocupei até 1983.  Em Brasília, coordenei, na área do MME, a análise a a aprovação de projetos da Petrobrás, Eletrobrás, Nuclebrás, Vale do Rio Doce e outras, para inclusão no Programa de Mobilização Energética – PME, chefiado pelo Vice Presidente da República, Aureliano Chaves.  No âmbito de minhas atribuições no Programa Nacional do Carvão, fui o “General Manager” do Programa Teuto-Brasileiro de Cooperação na Área de Utilização do Carvão Mineral Brasileiro (principalmente gaseificação) e de Planejamento de Energia.   Participaram, pelo lado brasileiro a Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas Brasileiras – CAEEB, coordenando vários institutos de pesquisa e, pelo lado alemão, o Kernforschungsanlage Juelich GmbH, coordenando várias empresas e institutos de pesquisa alemães.

Aposentei-me das atividades de Governo em 1983, passando a representar no Brasil o Southwest Research Institute, de San Antonio, Texas, USA, em contratos de transferência de tecnologia para a indústria nuclear, aeronáutica, de produção de petróleo, indústria naval e na prestação de serviços de garantia da qualidade.  Trabalhei nesta área até 1990.

Nos últimos anos tenho-me dedicado à consultoria para a implantação de novas tecnologias nas áreas de aproveitamento de calor residual, geração de energia elétrica por novos processos (em fase de certificação – sou Vice Presidente de empresa dedicada à implantação de tecnologia de geração elétrica “geomagmatica” nos países do Mercosul) e, recentemente, na proposta de implantação de um centro de monitoração ambiental remoto, em tempo real, das águas oceânicas costeiras do Brasil.

Praticamente todas as atividades das quais participei, primeiro na Física e depois na Engenharia, tiveram sempre uma natureza experimental, isto é, seus resultados deviam ter uma aplicação imediata. Minhas habilidades eram sempre mais voltadas para atividades experimentais do que teóricas.  E estas habilidades, reconheço, foram desenvolvidas nos anos que passei no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.

Está sempre na minha memória o convívio que tive com o Alfredo Marques (meu colega de Faculdade), o Lattes, o Lauro Xavier, o Hervásio, o Danon, a Micheline, o Arthur, o Rex, o Telmo, a Ana Maria,  a Lelé, o Eduardo Styzei (que sempre me impressionou com sua capacidade de fabricar complicados aparelhos de vidro) e muitos outros.

Volto a mencionar as divertidas conversas que tive com o Prof. Feynman, em Copacabana, na volta do CBPF, no Alcazar e em outros bares da praia, em que ele falava de Física, dando exemplos e modelos simples que tentei repetir, no futuro, em minhas aulas. 

Finalmente, voltei ao CBPF para participar da celebração de seus 60 anos de existência. 

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2 comentários:

  1. Bom relato cronologico por testemunha real da historia. Abraços Orlando F. Lemos Jr.

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  2. Dr. Eduardo styzei descendente fa colônia polones do RG fo Sul foi um extraordinário e insubstituível mestre em fabricar vidros científicos e uma aquisição única para física e ciência bem como do corpo técnico do CBPF na Urcà RJ. Falecido em 1984 deixou uma lacuna difícil de preencher. Sua habilidade seu conhecimento, era extremamente respeitado e admirado seus originais trabalhos em vidrod cientificos .companheiros entre eles Jacques Daenom

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